EMEF DONA LEOPOLDINA

Professor Solon Marcelo Lazzarotto

Liberdade: O maior sonho humano

Liberdade: O maior sonho humano

As pessoas possuem personalidades diferentes. São seres racionais, capazes de crer e duvidar, descobrir e inventar, vivem em sociedade, elaboram e seguem regras, mas, acima de tudo, sonham com a liberdade. Liberdade de ir e vir, pensar e sentir à sua maneira, expressar sentimentos e idéias, agir segundo seus desejos, experimentar e criar, desenvolver-se e realizar sonhos ou planos.
Desde que veio ao mundo, você deve ter dito e ouvido muitas vezes a palavra liberdade, porque ela está em toda parte: dos anúncios de cigarro aos ditados populares, das conversas de crianças aos debates entre grandes nações. Usa-se o termo liberdade em diferentes sentidos e situações. Por exemplo:
Há quem acredite que só há liberdade quando não há regras ou leis e quem pense o inverso:
sem regras ou leis, não haveria segurança e as pessoas não teriam liberdade sequer para sair de casa.
— Segundo algumas pessoas, temos liberdade para pensar o que quisermos, enquanto outras avisam que nossos pensamentos sofrem influências, mesmo quando não percebemos.
— Também existem as que se consideram totalmente livres quando possuem dinheiro ou estão sob o efeito de drogas. Há quem ache isso absurdo.
Alguns acreditam que temos absoluta liberdade de expressão. Mas e o fato de não podermos usar gírias ao falar com uma autoridade? perguntam outros.
Os exemplos mostram como é difícil compreender o significado dessa palavra que usamos tantas vezes e até sem pensar muito. O poeta Thiago de Mello denuncia esse uso inconseqüente e, em alguns artigos do poema Os Estatutos do Homem, pede que a liberdade seja mais que uma palavra. Leia atentamente o que ele diz.

ARTIGO XII
Decreta-se que nada será obrigado, nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

ARTIGO FINAL
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
O coração do homem.

Liberdade ou escravidão?

Fazer tudo o que quiser, sem limites ou impedimentos, é o sonho de muita gente. No entanto somos sempre lembrados de que a liberdade de uma pessoa não deve invadir a de outra e que, para ser livre, é preciso ser responsável, pois toda ação tem conseqüências.
No século XVIII, Jean-Jacques Rousseau dizia que a liberdade só pode ser alcançada pela educação. Para esse filósofo, a liberdade do homem e sua capacidade de aperfeiçoamento fazem dele um ser diferente dos outros, mas que só pode ser bom quando os maus pensamentos e atitudes não o escravizam.
Essa e outras formas de escravidão surgem quando o homem deixa de refletir sobre sua realidade. Assim, ele também pode ser escravizado por outros homens, pelos vícios e até pelo desejo, estimulado pela mídia, de consumir sem limites coisas de que nem precisa.
Embora deseje ardentemente a liberdade, para sentir-se pleno e realizado, muitas vezes o ser humano foge da reflexão e deixa-se conduzir pelos outros.
A liberdade gera tanto entusiasmo quanto medo. Afinal, envolve a responsabilidade de fazer escolhas e tomar decisões, correndo o risco de errar. Nem sempre essas escolhas dependem só de nós, o que leva a uma questão importante: a liberdade absoluta é possível?
Para respondê-la é preciso lembrar que o homem faz parte da natureza. As demais criaturas são forçadas pelo instinto a certa forma de viver, enquanto o homem é capaz de construí-Ia e modificá-la, em muitos aspectos, sempre que julga necessário, apesar de não poder abrir mão de suas necessidades e tendências naturais. Escolhe o jejum, mas não evita a fome; escolhe a paciência, mas não impede completamente o surgimento da raiva. Mesmo que simplifique muito o seu modo de viver, sempre tem necessidades que, deixando de ser satisfeitas, comprometem-lhe a segurança e até a sobrevivência.
Além das necessidades, muitos acreditam que as regras limitam a liberdade humana. Por isso, há quem conteste todas elas. Outros julgam que as regras são sempre necessárias, pois as pessoas não conseguem agir corretamente longe delas. E existem aqueles que afirmam que participar de sua elaboração, com propostas e críticas, é a melhor forma de exercer a liberdade.
Logo no início da reflexão a respeito da liberdade, afirmamos que ela possui vários
significados. E hora de você conhecer alguns dos mais utilizados.
— Poder fazer tudo o que se tenha vontade.
— Poder fazer tudo o que a lei não proíba.
— Poder fazer tudo o que não cause dano a ninguém.
— Poder fazer tudo o que lhe faça bem.
— Poder fazer tudo o que se tenha necessidade.
— Poder fazer uma coisa sem a necessidade de fazê-la.
É possível que você concorde com um deles, com mais de um ou até sugira outro significado, mais abrangente ou menos polêmico do que esses. Com plena liberdade de pensamento e expressão, discuta o tema com os colegas em busca de um conceito satisfatório de liberdade.